Por Michelle Roque
Por mais de 15 anos Ridley Scott quis dirigir um longa baseado na história da grife italiana Gucci. E finalmente realizou seu desejo e reuniu o melhor elenco que poderia nesse filme. O roteiro de Becky Johnston e Roberto Bentivegna é baseado no livro “Casa Gucci: Uma história de glamour, ganância, loucura e morte“, de Sara Gay Forden, sobre a família italiana que construiu um império da moda e artigos de luxo.
Lady Gaga está maravilhosa encenando Patrizia Reggiani e traz todo o tom do filme na mão, ao deixar nítido que mesmo interessada no que o nome Gucci traria, ela mantinha Maurizio, como uma boa controladora. Obviamente com um elenco multiestrelado só teríamos shows de performances dos atores. Adam Driver fez uma caracterização perfeita de Maurizio Gucci, que a princípio é um garoto ingênuo e com o passar do filme, pela influência de Patrizia, passa a ser ganancioso e atrapalhado, assim como Al Paccino (tio Aldo Gucci) e Jared Leto (Paolo Gucci), que mesmo com maquiagem pesada deram todo o tom sutil e cômico que o filme também merecia. A parte sombria ficou com a atuação de Jeremy Irons, como Rodolfo Gucci. Salma Hayaek aparece no filme como a cartomante/feiticeira Pina, teve poucas aparições mas mesmo assim foi super elogiada.
O filme conta a história de amor de Patrizia e Maurizio Gucci ao longo de 25 anos, que culminou na morte de Maurizio em 1995 e na prisão de Patrizia dois anos depois pelo assassinato dele. O filme mostra um pouco do luxo e da fama da marca Gucci e como a família conduzia os negócios da marca. A história não segue uma linha cronológica exata mas os fatos e acontecimentos são bem entendíveis, vão desde a família controladora ao luxo do mundo da moda e das grifes, numa espécie de sátira mas com atuações brilhantes e figurinos e locações impecáveis.
Mas como nem todas as estrelas do mundo são luzes… “Casa Gucci” deixa muito a desejar no roteiro. Talvez a expectativa em torno do elenco, dos trailers e da hype pré-filme aumentaram demais as expectativas. O filme não entregou aquilo que supostamente prometeu – algo que seria digno de Oscar. Muito foi prometido e pouco foi entregue em termos de história, que em muitos momentos ficou até monótona. Certamente, se você leitor for ao cinema ver o filme, sairá com a mesma sensação que foi quase unanimidade – o filme merecia mais depois de tanta gente boa entregando suas atuações.
O que prenderá o espectador na cadeira nas 2h30 de filme além das atuações e sátiras, provavelmente é o desenrolar e o crescimento dos personagens ao longo do filme, de como cada um mudou sua personalidade mas não perdeu sua essência com o passar dos anos, o que tornou o filme bem interessante nesse aspecto, afinal um dos passatempos favoritos da humanidade é acompanhar a vida dos famosos e endinheirados. Ridley Scott entrega bem isso atiçando a curiosidade de como os fatos se desenrolaram até o assassinato de Maurizio, utilizando a sátira para a aristocracia capitalista que domina o mundo das grifes.