Acaba de estrear nos cinemas mais um filme de terror que promete inovar no gênero, mas será que vai cumprir o prometido?
por Milly Rodrigues
Abigail chegou aos cinemas nessa quinta-feira(18), e na trama um grupo de criminosos sequestram uma garotinha de 12 anos (Alisha Weir) filha de um grande ricaço da cidade. A intenção não é fazer mal à menina – pelo menos no início – mas sim conseguir milhões de dólares para cada um deles pela devolução da mesma.
Porém o que eles não contavam é que a garota de coitadinha e inocente não tinha nada! O que aparentava ser uma menina meiga, dócil e apaixonada por balé se transforma em uma vampira sanguinária e centenária em busca de uma brincadeira peculiar para matar um pouco do tédio da sua eternidade.
Indo contra a proposta dos vampiros com estética romântica e charmosa, Abigail surge como uma vampira pré adolescente com problemas familiares e que facilmente quebra as regras das lendas em que vampiros enfraquecem com crucifixos, água benta e alho.
Isso faz da vampira Abigail uma criatura superior a outros vampiros que já acompanhamos? Definitivamente não. Abigail é apenas uma nova roupagem do vampiro nos filmes do gênero. Afinal de contas, a luz do sol ainda continua sendo fortíssima pra ela. (Spoiler? Talvez)
A partir do momento que o grupo de criminosos se dá conta da presepada em que estavam metidos, não seria mais possível voltar atrás e desistir do sequestro, já que o grande casarão antigo onde estavam e onde fariam Abigail de refém, se torna um grande caixão de aço com todas as portas e janelas sendo trancadas através de um comando interno. Bem no estilo “A Casa da Colina” de 1999, lembram desse filme?
Falando em referências, não vou citar títulos, mas sabe os famosos besteiros americanos? Pois é, é essa a vibe que o grupo de criminosos me passa, e é aí onde se apresentam os principais clichês do filme.
O grupo é composto por um brutamontes de QI negativo, Peter (Kevin Durand), uma hacker estilosa e engraçada, Sammy (Kathryn Newton), um policial corrupto, Frank (Dan Stevens) , um ex soldado misterioso, Rick (William Catlett), um viciado de fala arrastada, Dean (Angus Cloud) que inclusive merecia muito um papel melhor e uma ex viciada com uma história triste, Joey (Melissa Barrera), que é a protagonista.
A partir do momento em que Abigail começa a sua caçada, não pense que será um susto atrás do outro, muito pelo contrário. A veia cômica do filme se sobrepõe à proposta amedrontadora, com falas irônicas, piadas prontas, questionamentos óbvios e cenas que nos levam a pensar, “O que está acontecendo aqui?” O filme tenta se levar a sério, mas claramente não consegue. Trazendo cenas que não levam a lugar algum e personagens que são facilmente descartáveis.
O roteiro apresenta várias falhas, vários furos, reviravoltas desnecessárias que apenas prolongam o que já deveria ter acabado há uma meia hora. A sensação é a de que os roteiristas vão mudando de opinião a todo momento e encontrando uma forma de encaixar o texto.
E por falar em prolongamentos, Abigail traz um final no mínimo questionável.
Moral da história, independente de ser humano ou vampiro, amor de pai é necessário. É, eu também fiquei confusa.
Porém vamos destacar alguns pontos positivos do longa, a começar pelo elenco. São grandes nomes! Melissa Barreira saindo diretamente de Pânico e Pânico V, Angus Cloud que está presente nesse filme póstumo, e também Giancarlo Esposito (Breaking Bad, The Boys e muitos outros).
Sem contar a interpretação fantástica da pequena Alisha Weir, Abigail, que é o maior destaque. Ela rouba todas as cenas em que aparece, entregando momentos perturbadores, violentos, cômicos e artísticos com o seu balé. Alisha atua com uma segurança pouco vista em atrizes da sua idade e com certeza será um grande nome no futuro.
Outro ponto positivo é pra quem ama cenas sangrentas, porque se tem algo que chama a atenção no filme são as explosões de sangue ao longo da trama. Sério, é muito sangue! Inclusive assemelhando-se até mesmo à Morte do Demônio que também jorra sangue o tempo todo de forma exagerada.
Abigail, mesmo se perdendo em suas próprias ideias, é um filme divertido, que vai prender a sua atenção e você nunca mais vai ver uma dançarina de balé sem lembrar da pequena vampira.
Avaliação: ★★★