Por Michelle Roque
“A Lenda de Candyman” chega aos cinemas nesta quinta (26) sob a direção de Nia DaCosta e produção de Jordan Peele. No elenco, temos o retorno de Tony Todd, ator do filme original, além de Yahya Abdul-Mateen II, Teyonah Parris e Colman Domingo. A origem da história de Candyman foi escrita por Clive Barker que é um dos maiores nomes do terror literário nos EUA. Candyman saiu originalmente da história “The Forbidden”, conto criado por Barker como parte de uma antologia na série Books of Blood, coletânea de seis livros lançados entre 1984 e 1985. Para a adaptação aos cinemas muito da essência do conto foi mantido, exceto que a trama se passa em Chicago e a etnia do protagonista foi alterada para dar mais sentido ao conto. Mesmo assim na época não foi recebido sem contestações, mas foi adorado pela crítica e pelo público da época. “O Candyman original é um dos meus favoritos. É um filme muito influente para mim. Principalmente porque nós não tínhamos um Freddy negro … não tínhamos um Jason negro. Quando Candyman apareceu, foi muito ousado. Foi muito catártico. E foi assustador. Este foi um dos filmes que me disse que os negros podem ficar horrorizados”, contou Jordan Peele, produtor do filme de 2020, ressaltando a importância de “O Mistério de Candyman” para a representatividade negra no cinema de terror.
Seus sucessores, visando seu enorme sucesso com o público, já não tiveram o mesmo êxito. Tudo o que havia sido construído em relação ao desenvolvimento de clima, história, personagens, parte técnica e narrativa foi deixado de lado em nome de uma boa bilheteria e não foi bem recepcionado pelo público. Toda essa explicação veio justamente para definir o atual filme, “A Lenda de Candyman”. A intenção de Jordan Peele era resgatar o clima do primeiro filme. De fato, o longa segue a mesma base do primeiro filme, é cinema a moda antiga, investe em clima e por isso possui uma narrativa mais lenta, de longos planos contemplativos – sem a edição picotada para servir ao público jovem. Existe certo romantismo na figura do fantasma com o gancho no lugar da mão, que aparece depois de ter seu nome repetido na frente do espelho cinco vezes. Mas talvez não funcione bem para o público atual que está acostumado com suspenses mais intensos, com mais mistério e violência.
O filme traz uma importante reflexão sobre violência com afrodescendentes, que é um dos seus pontos fortes mesmo ficando em segundo plano e agrega para a história do longa. O trailer pode ter superestimado o filme de fato. Mas para quem gosta de um suspense e curte a história de Candyman, fica a dica que está chegando aos cinemas essa semana.